Existem diversos tipos de carvalho espalhados pelo mundo, alguns são bons para serem utilizados na tanoaria (arte de produzir barris), outros não. Cada região pode possuir um ou mais tipos de carvalho, o que favorece por vezes, existirem espécies hibridas nas florestas. Entretanto, vamos indicar as espécies mais usadas, incluindo os nomes científicos e populares, assim como as regiões em que são mais comuns e as principais bebidas em que seus barris são utilizados para maturação.
Os carvalhos mais comuns nos barris que envelhecem whiskies são Quercus alba (conhecido como Carvalho branco americano), Quercus robur (Carvalho pedunculado ou Carvalho inglês) e o Quercus petraea (Carvalho séssil ou Carvalho galês), nesta ordem. Entretanto, outros tipos são utilizados também na indústria.
O Quercus alba cresce na parte leste da América do Norte, no entanto ele não é o único carvalho americano, assim como não é o único usado na tanoaria. Quercus bicolor, Quercus lyrata, Quercus macrocarpa, Quercus garryana, Quercus montana, entre outros, também são utilizados na tanoaria norte-americana. Todos crescem nas mesmas regiões que o Q. alba, com exceção da Q. garryana (predominante na região oeste), por isso são bem comuns espécies hibridas entre as espécies que crescem no leste.
O carvalho usado para a maturação do bourbon é proveniente, principalmente, das regiões de Kentucky e Missouri, onde as espécies dominantes são Q.alba, Q.bicolor e Q.macrocarpa. Como 97% dos barris que envelhecem whisky escocês são de carvalho americano ex-bourbon desta região e essas 3 espécies são difíceis de se distinguir, além do fato que geram hibridas entres si, logo esses 3 tipos de carvalho americanos são os mais prováveis estarem sendo utilizados na indústria escocesa, entretanto a indústria do whisky simplifica bastante mencionando apenas o Q. alba.
Já os carvalhos europeus utilizados na tanoaria são normalmente Quercus robur e Quercus petraea, mas outras espécies também podem ser usadas, como Quercus pyrenaica (carvalho dos Pirenéus ou carvalho espanhol) utilizado em Portugal e o Quercus dalechampii da Europa oriental.
Na Espanha e em Portugal o Q. robur é mais abundante que o Q. petraea, além de outras variedades bem abundantes que não são utilizadas pela tanoaria, entretanto o Q. pyrenaica também cresce nesta região e é utilizado na maturação de vinhos do Porto, junto com o Q. robur (apesar do uso predominante de carvalho americano).
Tanto o vinho do Porto, quanto o vinho de Jerez utilizam principalmente o carvalho americano, provenientes da América do Norte, após um tratamento interno de torra suave. Os Carvalhos europeus também são utilizados, em menor escala e muitas vezes em acordo com a própria indústria do whisky escocês, como por exemplo o Grupo Edrington (proprietário da Macallan, Highland Park, Glenturret, entre outras), no que tange os barris ex-sherry , principalmente com o Q. robur. Por esse motivo principalmente, o termo Sherry Oak não possui um consenso quanto ao tipo de carvalho utilizado, podendo ser americano ou europeu, de diversas espécies, como mencionado anteriormente.
O carvalho francês é mundialmente famoso por sua utilização nos vinhos, nas diferentes regiões da França onde possuem predominância de diferentes espécies. Nas florestas de Allier, Nevers, Tronçais e Vosges são mais comuns o Q. petraea, enquanto as florestas de Limousin, Gasconha e Cîteaux são mais comuns o Q. robur, sendo que até 30% das espécies destas florestas podem ser hibridas entre ambas. Como muitos whiskies escoceses envelhecidos em carvalho francês se referem ao nome da floresta que são oriundos, pode-se fazer a correlação com qual a provável espécie de carvalho foi utilizada, a partir do nome da floresta estampada no rótulo.
O carvalho europeu é muito usado para envelhecer vinhos, principalmente o Q. petraea, entretanto o Q. robur é muito utilizado para envelhecer bebidas destiladas, como Cognac e Armagnac, sendo a floresta de Limousin um destaque por conta de seus carvalhos pretos (uma variação do Q. robur). Com essas informações, pode-se relacionar whiskies red wine finish com a utilização de Q. petraea e a utilização de barris de Cognac ao Q. robur.
As espécies de carvalho japonês utilizadas na tanoaria são o Quercus crispula (carvalho japonês ou mizunara), Quercus mongolica (carvalho mongol) e Quercus dentata (kashiwa ou carvalho imperador), sendo o Q. crispula e Q. dentata são os mais comuns no Japão. O Q. crispula se destaca por passar um sabor único ao destilado, doce e picante ao mesmo tempo, comumente temperados com vinho de Jerez antes de serem utilizados.
Obs.: as fotos utilizadas nesta postagem não são de autoria da Whisky Rio. Abaixo seguem as fontes:
- http://www.euforgen.org/
- http://www.missouribotanicalgarden.org
- https://glossary.wein.plus/
Excelentes informações. Muita esclarecedora !! Parabéns !!